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15/ 02/ 2020

Escolas de samba entusiasmam público na primeira noite de desfiles

O Carnaval 2020 em Santos começou em grande estilo. Uma espécie de roda de samba ‘passou’ pela passarela Dráuzio da Cruz, abrindo oficialmente a primeira noite de desfiles: Xande de Pilares e seu grupo de músicos levou grande entusiasmo à plateia.

   

Do alto de um trio elétrico, o músico saudou o público, cumprimentou moradores dos prédios do entorno do sambódromo e interagiu com algumas pessoas das arquibancadas. “Linda camiseta, amigo. É a escola da minha mãe”, sorriu o cantor, apontando para um jovem que vestia a camiseta da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, atual campeã do carnaval carioca.

   

‘Do jeito que a vida quer’, ‘Deixa acontecer naturalmente’ e ‘Quando eu contar’ foram alguns dos sucessos cantados em um grande coro a céu aberto. Ao fim do show, as agremiações começaram a se preparar para os desfiles da noite.

   

Desfiles

A primeira escola a pisar na avenida foi a Acadêmicos Bandeirantes do Saboó, pelo grupo 1. Com as cores vermelha, preta e branca, os 600 integrantes animaram o público com o enredo “A origem da dança, uma viagem no tempo”.

 

As 13 alas e a bateria com 65 membros mostraram a história do surgimento da dança e sua trajetória através das nações. “A escola tem um enredo que representa o samba, a dança, nossa expectativa é que saia vitoriosa”, disse Mara Conceição, 62 anos, presidente da associação de moradores do conjunto Mário Covas, do Saboó. A participação da escola foi finalizada com a ala ‘dança de rua’, que exibiu uma coreografia com estilo breakdance. 

   

A segunda escola a desfilar, Império da Vila, mostrou o empenho de um ano inteiro de ensaios e o orgulho da descendência afro-brasileira, apresentados por 700 componentes. Nas cores azul, vermelho e branco, a agremiação foi à pista com o enredo ‘Oxossi: rei da cidade do Keto’, uma homenagem ao orixá africano da prosperidade, fauna e flora.

   

Para o coreógrafo da Império, Henrich dos Santos (Chico), o desfile representou uma guerra vencida. “Estamos com muita esperança, treinamos bastante, foi uma guerra onde todos aceitaram o desafio. Nos esforçamos muito para conseguir ajuda, patrocínio, fantasia, carro alegórico, ensaio atrás de ensaio. A escola está linda, é de emocionar”.

   

Preferida

Em meio a uma turma empolgada, em um dos camarotes, estava o estudante João Lucas Freitas, 15 anos. “O carnaval é minha festa preferida, faz parte da minha vida. Quando acabam os desfiles de um ano, já aguardo ansioso o próximo. Aqui estão a família toda e os amigos para curtir a festa".

   

A terceira agremiação a entrar no sambódromo foi a Imperatriz Alvinegra, com 470 integrantes e a bateria de 100 pessoas. Com o enredo ‘Olha nós aqui de novo’, narrou sua própria história de luta e superação. O destaque foi o carro abre-alas e seus cavalos selados, montados por anjos de guerra. Os patronos da escola fecharam o desfile com a ala ‘Amigos do presidente’, onde estavam ex-diretores, carnavalescos e coreógrafos que ajudaram na construção da escola, em atividade desde 2014.

   

Espírito  jovem

Animadíssimas, as irmãs Juraci da Silva Peres, 87 anos e Junilde Ferreira da Silva, 74, estavam vestidas com roupas iguais, de tecido brilhante, chapéu com flores e maquiagem caprichada. Acenavam para todos os integrantes, de todas as escolas. “Está maravilhoso este carnaval, emocionante, dá vontade de entrar na pista. Ano que vem, quero desfilar também. Temos o espírito jovem, estamos no lugar certo”, comentou Juraci. E a irmã destacou a organização. “A estrutura é ótima, o local é muito agradável, organização nota 10”, comentou Junilde.

   

Retrato social

A quarta escola a desfilar foi a Unidos da Zona Noroeste. Sob o enredo “Hoje o galo canta, é a voz da favela”, a agremiação retratou a realidade de milhares de brasileiros que vivem em comunidades carentes. Seus 450 integrantes, distribuídos em 14 alas, retratavam funkeiros, trabalhadores e políticos. A bateria, com 70 componentes, teve a participação da plateia das arquibancadas e camarotes ao entoar o refrão “O galo canta essa noite pra ela, favela, favela. Entre becos e vielas, é o nosso porta voz, Oh Deus, olhai por nós”.

   

Na sequência, Sangue Jovem e suas cores emblemáticas preto, branco e amarelo, apresentou o enredo ‘Vale a pena a Sangue contar de novo’, com a narrativa da história da televisão brasileira, com a história de novelas e dramaturgias que eternizaram personagens e escritores nacionais.

   

Os 1000 integrantes da agremiação deram ao público um recado de superação. “Queremos transmitir nossa vontade de voltar ao grupo especial (a escola caiu para o grupo 1 ano passado) e que vale a pena fazer tudo de novo, para  superar”, disse o presidente da escola, Lorival Pina. No final do desfile, ex-jogadores do Santos Futebol Clube, além de fundadores e integrantes que compõem a escola desde seu início, se apresentaram na ala da velha guarda.

    

Com 850 componentes, a penúltima agremiação a desfilar na primeira noite foi a Mocidade Independente Padre Paulo, com o enredo “De sete em sete, ainda acabo nesses sete”. A proposta foi despertar uma reflexão sobre céu e inferno, bem e mal, sete pecados e sete virtudes capitais e as consequências das decisões tomadas pelas pessoas. “O intuito deste desfile é um autoexame de nossa própria vida”, explicou o carnavalesco Jefferson Rosa.

   

Cartadas de mestre e jogos de baralho encerraram a noite com a Escola de Samba Brasil. Composta por 700 integrantes, a agremiação trouxe o enredo “Sem cartas marcadas. Na passarela, a campeoníssima chegou”, levou a magia do baralho e a arte do jogo de cartas. Damas do carteado, palácio do rei do baralho, profecias, ciganos e cassino foram temas das alas. O Rafael Masleoni, diretor de Harmonia, comentou a origem do tema do enredo. “A Escola Brasil está sempre disposta a jogo e tem chance de ganhar. Nossa sorte vai virar”.  

 

Grupo especial se apresenta neste sábado

A apuração das campeãs do carnaval será na terça-feira (18), a partir das 12h, no Teatro Municipal Brás Cubas (Av. Pinheiro Machado, 48, Vila Mathias).

 

Imagem: Susan Hortas