Fazenda Cabuçu, opção de ecoturismo em Santos

Ao fim da trilha de 3km de extensão, a cachoeira de 10 metros de altura flui sobre uma rocha em formato de tobogã, presenteando os aventureiros que conseguiram concluir o desafio. Este é o ponto alto do recanto natural chamado de Fazenda Cabuçu, localizado na Área Continental de Santos. O roteiro ecoturístico, realizado por três agências da região, está disponível o ano todo.

São 2,4 hectares (24 mil m͑²) de Mata Atlântica, com mata pluvial de encosta, vegetação de restinga e um amplo manguezal cortado pela Rodovia Rio-Santos, ecossistemas característicos do bioma. A área também abriga o Rio Cabuçu, que margeia a trilha até a cachoeira, caminho que se divide em dois: 1,5km de trilha plana até o sopé da serra e, depois, 1,5km de subida pela mata quase fechada.

“Ao longo dessa planície costeira, vemos as águas repousarem no Rio de Areia, que é uma parte da trilha onde as águas já são mais calmas, cristalinas, por não haver muito declive. A partir da serra, nota-se uma grande diferença: o barulho do rio fica mais alto, pela força da descida. Esta parte, onde a mata é mais fechada, requer um pouco mais de atenção”, descreve a chefe da Seção de Ecoturismo (Secot) da Secretaria de Empreendedorismo, Economia Criativa e Turismo (Seectur), Valéria da Costa.

No caminho, uma verdadeira diversidade de fauna e flora. São palmeiras, samambaiaçus, orquídeas, bromélias, além de árvores frutíferas como manga e cacau, espécies trazidas pelos portugueses, e algumas bananeiras. Pelas frutas, são atraídos diversos pássaros, como as saíras, maritacas, saís, papagaios e guaxes, espécie cujos ninhos podem ser vistos ao longo da trilha, dependendo da época do ano.

História

A Fazenda Cabuçu foi utilizada para diversos fins antes de se tornar uma das grandes opções de ecoturismo da região. No século 16, era ocupada por jesuítas que ali catequizavam os indígenas e, durante a Segunda Guerra Mundial, produziu lenha como alternativa para o combustível, que havia se tornado escasso à época.

O local também já foi utilizado para a plantação de bananas na primeira metade do século passado, cuja produção era transportada por meio de vagonetes até o Rio Cabuçu e, dali, seguia de barco até o Mercado Municipal. Porém, o negócio enfraqueceu com o passar dos anos devido ao declínio do preço do produto e às pragas que atingiram as plantações, restando poucos exemplares de bananeiras na área. 

Parceria com a Prefeitura

A Fazenda Cabuçu faz parte do Programa Municipal de Ecoturismo, que busca fomentar o turismo sustentável e estimular o desenvolvimento econômico das comunidades que vivem nessas regiões. “São destinos que guardam uma boa porção remanescente da Mata Atlântica, com uma beleza cênica e valor de fauna e flora imensurável. Isso já bastaria para compor o ecoturismo, mas a Fazenda Cabuçu, por exemplo, ainda é uma área que traduz a história do Município”, explicou a chefe da seção de ecoturismo.

Segundo Valéria, a Fazenda Cabuçu permite a exploração do local sem custos à Municipalidade, que fica apenas responsável pela capacitação e credenciamento das agências de turismo que se interessem em utilizar a área. “Para explorar a fazenda, é preciso que as agências entendam a necessidade de preservação. A gente faz isso com muito critério porque é um treinamento que garante que todos desenvolvam as suas atividades dentro do mesmo padrão e sem prejudicar a natureza”.

Roteiro

A Fazenda Cabuçu fica na Rodovia Doutor Manoel Hipólito do Rêgo, a 50 minutos de carro da Área Insular de Santos. O roteiro, que dura cerca de 4 horas, só pode ser realizado mediante agendamento pelas agências de turismo credenciadas pela Secot: Tullipa Turismo, pelo telefone (13) 99640-0167; Caiçara Expedições, pelo (13) 98142-0151; Mario Rodrigues Jr., (13) 99702-5185. O preço, por pessoa, varia de R$ 100 a R$ 150 e, os grupos, de seis a 40 pessoas.

Imagem: Ronaldo Andrade.